Pt: Comunicação do Grão Mestre por Ocasião do Equinócio da Outuno

Aus Freimaurer-Wiki

Comunicação do Grão Mestre por Ocasião do Equinócio da Outuno

Grande Loja Legal de Portugal / GLRP Grande Loja Regular de Portugal Grão Mestre

Lisboa, 24 de Setembro de 2016

Nesta Grande Loja do equinócio de Outono, consumada que está a minha instalação para o segundo mandato enquanto Gão Mestre da Grande Loja Legal de Portugal/Grande Loja Regular de Portugal, endereço a minha primeira saudação maçónica a todos os irmãos, dirigindo-me humildemente ao querido irmão que neste momento é benjamim entre os aprendizes, e ao querido irmão que neste momento é mestre ancião e decano entre todos os Maçons: são eles a nossa semente, a nossa renovação, a nossa vitalidade, a nossa credibilidade, e entre eles se situam todos os irmãos que constituem a sustentação das colunas da nossa A:.O:.

Muito Respeitáveis Grão Mestres e Chefes das delegações estrangeiras convidadas.
Muito Respeitáveis Grão Mestres que me precederam.
Muito Respeitáveis e Respeitáveis Grandes Oficiais.
Representantes dos Altos Graus.
Veneráveis Mestres
Queridos II:. Mestres, Companheiros e Aprendizes: sede bem vindos. Parafraseando ditado popular dos queridos irmãos espanhóis vos anuncio: mi casa és tu casa!

A última eleição para o cargo de Grão Mestre, afirmou a contumácia vitalidade e pluralidade de opinião dentro da nossa A:. O:., cumprimento por isso o I:. RPF que comigo a disputou. E dado que qualquer acto eleitoral se esgota sempre nele próprio, a partir de hoje, serei Grão Mestre ao serviço de todos os maçons. Nesta rentrée regressaremos ao trabalho: com leal afinco e dedicação fraterna.

E permitam-me que a este propósito explane os ensinamentos do velho sábio Esopo, que numa das suas fantásticas fábulas nos conta que dois galos travaram duelo para decidir qual seria o rei da capoeira. O vencido em sinal de humildade remeteu-se ao silêncio. O vencedor manifestando excesso de soberba, subiu ao cimo do telhado e durante dias cantou e bateu asas para celebrar longa e ruidosamente a vitória. Tando alarido atraiu a águia que desceu a pique e o levou nas suas garras. E o vencido sagrou-se rei da capoeira. Por isso meus irmãos, um vencedor duma disputa deve ser humilde na vitória, ainda mais se a disputa foi para o cargo de Grão Mestre da nossa Augusta Ordem.

E este ensinamento deve também servir como bússola para todos os restantes actos, desvarios e dissidências: humilha-te e serás exaltado! E para sublinhar, cito Victor Hugo, grande maçom, grande escritor, grande pensador francês e grande activista pelos direitos humanos, que afirmou “existe algo ainda maior que o céu: a alma humana” e na sua obra “L’Homme qui rit” recalcou: …En amour le coq se montre. -Mais l'aigle se cache!

Festejamos nesta Grande Loja de Outono um quarto de século da recuperação da regularidade maçónica em Portugal. Foi conquistada pela primeira vez em 1802 e em 1928, instalada que estava a ditadura em Portugal, a Grande Loja Unida de Inglaterra retira-nos a regularidade maçónica. Em 1991 é de novo reconquistada com o apoio e a partir da Grande Loja Nacional Francesa. Comemoramos também 150 anos de Maçonaria Regular em Portugal. Juntos já construímos uma história, já andamos um caminho nobre e justo, já atingimos metas que pensávamos inacessíveis e ainda nos resta coragem e ânimo para alcançar novos e grandes desafios. Somos a maior potência maçónica em Portugal com mais de 2500 Obreiros reais, activos e bem preparados, temos uma sede fantástica em Lisboa, e o número de reconhecimentos que já obtivemos ultrapassa as 200 potências mundiais. Queremos ainda estar mais presentes nos dezoito distritos portugueses, nos Açores e na Madeira. Trabalham sob a nossa Jurisdição, Lojas em Macau, Angola, S.Tomé e Príncipe e Cabo Verde. Está quase a fechar-se a etapa de consagração templos maçónicos em todo o país com boas condições logísticas de trabalho.

O centro maçónico do Porto já é uma realidade e o novo Centro Maçónico de Lisboa vai sê-lo muito em breve.

E porque nunca estiveram juntas tantas delegações de representação maçónica em Portugal, quero agora falar-vos da civilização da globalização, presente no mais recôndito lugar da terra. E falar-vos dela para constatarmos que o mundo fez uma grande caminhada, e que hoje apesar das guerras e dos problemas, nunca esteve tão evoluído. E não podemos esquecer essa bela conquista, porque ignorar é acalentar a queda em radicalismos perversos. Por isso o mundo continua a precisar que continuemos todos os dias a espessar e fortalecer os valores da maçonaria: há que esquecer o que devemos esquecer para seguir em frente, mas nunca nos podemos esquecer de cultivar todos os dias o fundamento dos valores maçónicos.

Na manhã de 24 de Junho o Reino Unido acorda em choque: o Brexit expressou-se: votou-se a saída da União Europeia: o primeiro-ministro demitiu-se: a Escócia considera fazer referendo para sair do Reino Unido: reina o caos político numa das mais velhas democracias: reclama-se um segundo referendo tal um replay de jogo desportivo: meio mundo culpa outro meio: culpa-se o Primeiro- Ministro por ter querido o referendo: culpa-se o líder da oposição por não lutar com força suficiente: os jovens acusam os anciãos: os educados culpam os menos bem-educados, regiões culpam outras regiões: é o colapso: níveis de xenofobia e insultos racistas disparam nas ruas da Grã-Bretanha: e a quente parecia apenas um pesadelo que tinha acontecido durante aquela noite? Não meus irmãos! É apenas a ausência do cultivo dos valores maçónicos que nos trazem bofetadas assim, e nunca pesadelos gerados numa só noite.

Para todos nós que nos preocupamos com a criação de sociedades mais abertas, mais tolerantes, mais justas e liberais, precisamos urgentemente construir uma nova visão do mundo, uma visão que integre uma globalização inclusiva e tolerante, que puxe todos os povos para cima e que não deixe ninguém para trás.

Há consenso entre os economistas que o livre comércio, a livre circulação de capitais, a livre circulação de pessoas, beneficiam o bem-estar em todo o mundo. Há consenso entre os estudiosos de relações internacionais que a globalização traz boas interdependências, boa cooperação e a paz. Mas não pode criar vencedores nem vencidos, exploradores e explorados. A globalização é uma casa de vidro que deve permanecer segura, por isso tem que estar aberta a todos, e os diálogos entre os extremos nunca devem ser quebrados. De outra forma os fanatismos, as ignorâncias, os medos, as exclusões, os antagonismos e as guerras mostrarão de novo a sua face rude e perversa. E estes desideratos até podemos não os conseguir todos hoje, mas pelo menos temos a obrigação de traçar direcções, impedindo que a linguagem do medo continue à solta.

Eu sou mirandês. Eu sou português. Eu sou Europeu. Eu sou um cidadão global. Eu sou maçom. Para os que como eu acreditam que as identidades não produzem exclusão, temos que trabalhar juntos para assegurar que a globalização traga toda a gente do mundo connosco e não deixe ninguém para trás, porque apenas quando chegarmos a esse patamar, poderemos verdadeiramente conciliar com toda a plenitude democracia e globalização.

E eu devo às muitas paisagens do globo as grandes alegrias que me deu o mundo: à terra vestida por milhões de pregas generosas, e às dobras e às cores do chão onde firmo os pés, e aos espíritos sagrados e ao amor. E se vos falo de uma encosta coberta de neve tenho que ter a alma branca, e se vos retrato uma folha tenho que tremer como ela, e se olho o abismo tenho que ter toda a fundura no fundo dos olhos, e não posso gostar do mundo sem língua, e nem cantá-lo sem voz. Se quero viver convosco a natureza tenho que sentir-me pedra, orvalho, flor, nevoeiro, terei que sentir sempre o semelhante!

E era esta a mensagem simples que neste equinócio queria partilhar convosco, através da força da palavra e dos valores, e deles imbuídos, continuaremos o nosso caminho, humildemente, harmoniosamente, assumindo a plenitude universal da Maçonaria, para continuar a consolidação e edificação da nossa Augusta Ordem, a bem da Humanidade, à Glória do Grande Arquitecto do Universo.

Júlio Meirinhos
Grão Mestre

Links